segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A formiguinha e a neve

João de Barro (Braguinha)


Numa certa manhã de inverno uma formiga saía para o seu trabalho diário.
Já ia longe procurar comida quando
um floco de neve caiu, prendendo o seu pézinho.


Aflita, vendo que ali poderia morrer de fome e frio, a formiga olhou para o Sol e pediu:


- Sol, tu que és tão forte, derreta a neve e desprenda o meu pézinho?


E o Sol, indiferente, respondeu:


- Mais forte que eu é o muro que me tampa.


Então a pobre formiguinha disse:


- Muro, tu que és tão forte, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho? E o muro rapidamente respondeu:


- Mais forte que eu é o rato, que me rói.


A formiga, quase sem fôlego, perguntou:


- Rato, tu que és tão forte, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?


E o rato falou bem rápido:


- Mais forte que eu é o gato que me come.


A formiga então perguntou ao gato:


- Tu que és tão forte, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?


O gato responde sem demora:


- Mais forte que eu é o cachorro, que me persegue.


A formiguinha estava cansada e, mesmo assim, perguntou ao cachorro:


- Tu que és tão forte, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?


- Mais forte que eu é o homem, que me bate.


Pobre formiga! Quase sem força, perguntou ao homem:


- Tu que és tão forte, que bate no cachorro, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pézinho?


O homem olhou para a formiga e respondeu:


- Mais forte que eu é Deus, que tudo pode.


A formiga olhou para o céu e perguntou a Deus:


- Tu que és tão forte que tudo pode, desprenda o meu pézinho?


E Deus, que ouve todas as preces pediu à primavera que chegasse com seu carro dourado triunfal enchendo de flores os campos e de luz os caminhos, e vendo que a formiga estava quase morrendo, levou-a para um lugar onde não há inverno e nem verão e onde as flores permanecem para sempre.