A arte de contar histórias envolve três elementos essenciais: O CONTADOR , O OUVINTE E O CONTO.
O contador deve preparar o conto de acordo com seus ouvintes, ou
de acordo com as informações que tenha dos mesmos: idade, interesses, hábito de ouvir histórias, ambiente social . . .
Preparar um conto não significa necessariamente “decorar”, mas aprofundar-se nele, viver seu ambiente, compreender suas mensagens, apaixonar-se . . . Nenhum contador consegue contar “bem” uma história da qual não goste. O ouvinte deve estar estimulado, preparado para ouvir, ou “receber” o conto.
O conto pode ser de tradição oral ou de obra literária, da cultura brasileira ou de outras culturas. Isto realmente não importa, o mais importante é a relação que será estabelecida entre os três elementos principais.
O CONTADOR de histórias deve estar atento a alguns aspectos para que o momento de contação de histórias seja especial:
1º – SENTIMENTOS: emoção, paixão, entusiasmo. A primeira impressão que o contador deve passar é de que realmente gosta do que está fazendo e da história que está contando. Passar credibilidade.
2º- VOZ e LINGUAGEM– é o elemento principal da narração de histórias, ela materializa as sucessivas fases do conto e também os personagens, uma vez que cada um possui uma voz típica e fácil de ser identificada. As vozes que serão utilizadas durante o conto devem ser treinadas, pensadas anteriormente, nunca decidir na hora do conto. Evitar os vícios de linguagem e erros de português. Use palavras com as quais se sinta a vontade, e introduza expressões novas e bonitas em cada conto, usando sempre a linguagem mais coloquial.
3º – OLHAR - o olhar é a ligação do contador com o ouvinte e estabelece o contado imediatamente. Distribuir bem o olhar, não fixá-lo em uma pessoa e nem flutuar o olhar sobre os ouvintes, ele expressa sentimentos. Vá para frente do espelho e treine as fisionomias que poderão participar de algum momento do conto.
4º – EXPRESSÃO CORPORAL– a história é contada também com o corpo. A linguagem das mãos é poderosa e decisiva no ato de contar. Cuidado com os gestos, o exagero pode comprometer o efeito da narrativa. Os gestos devem também ser pensados de acordo com o conto. Evite gestos repetitivos e inúteis, andar de um lado para o outro ou ficar como estátua, mostrar-se espalhafatoso ou apático.
5º – IMPROVISAÇÃO – é fundamental ter boa memória, conhecer e guardar a seqüência do conto. Mas em determinados momentos é necessário buscar na vivência acontecimentos guardados, usar naquele momento da história para lidar com o branco da memória. É preciso ter uma cabeça cheia de ideias para usar em momentos de improviso, para sair de uma situação imprevista como uma interferência do ouvinte ou outro acontecimento. Mas é preciso muita cautela ao improvisar.