quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lenda do Surubim Beijador


        Maria Anália era uma cabocla que morava em um vilarejo as margens do rio São Francisco, a Ilha do Jegue, e vivia com um cabra muito ciumento. Numa noite de lua cheia ela foi violentamente espancada por seu companheiro, que a deixou com o rosto completamente desfigurado. Desceu pro quintal da sua casa, por onde passava o Velho Chico, esquivou-se com dor e dificuldade e começou a lavar o rosto. Não agüentando de tanta dor, com muita raiva, desejou que tudo de mau pudesse acontecer ao seu companheiro, naquela noite. Entre a raiva e o desejo de vingança adormeceu à beira do rio, com os respingos das ondas tocando levemente o seu rosto dorido. Foi despertada com um beijo de um imenso surubim que ao acariciá-la, lentamente, as marcas da violência em seu rosto foram completamente desaparecendo.

        E o que é pior (ou melhor), ao voltar para casa encontrou seu companheiro morto na cozinha engasgado com uma espinha de surubim que preparara horas antes de ser espancada. Até hoje os homens da beira do rio tratam suas companheiras com muito amor e paixão e quando tem alguma desavença, a menor que seja ela, não há surubim nas refeições durante todo o dia... O Surubim Beijador, vez por outra, é visto pelos pescadores. Ele costuma fazer acrobacias em frente ao porto de Penedo...em noite de lua cheia.